Desde 1929 o Vaticano se tornou um país, o menor do mundo, tendo uma área de 440 mil metros quadrados, localizado dentro de Roma. Porém é um dos poucos países que não possui forças armadas. Desta forma, a defesa do país é de responsabilidade da Itália, enquanto que a segurança do Papa desde 22 de janeiro de 1506 fica a cargo da Guarda Suíça.

Mas porque a Suíça teria alguma ligação com a guarda pessoal do Papa?

Há registros de que em 1471 o Papa Sisto IV havia feito uma aliança com a Confederação Suíça depois de prever a possibilidade de recrutar mercenários suíços para atuarem na defesa do Santo Padre em momentos de dificudades. Durante muitos anos, esta colaboração se manteve, durante guerras e outros conflitos.

Porém em 1506, o Papa Júlio II em 1503, pediu à Suíça que lhe fornecesse um corpo constante de 200 mercenários suíços. Em setembro de 1505, o primeiro contingente de 150 soldados iniciou sua marcha saindo de Bellinzona em direção a Roma, sob o comando de Kaspar von Silenen, e entrou na cidade em 22 de janeiro de 1506, sendo esta considerada a data oficial da fundação da Guarda.

Quem pode integrar a Guarda Suíça?

Para que um jovem possa integrar este seleto grupo, alguns quesitos devem ser cumpridos, como: ser homem, suíço, ter de 19 a 30 anos, no mínimo 1,74 m de altura, boa constituição física, diploma profissional ou ensino médio concluído, ter realizado treino militar do exército suíço, não ter registro criminal e ser de reputação social absolutamente imaculada, não ser casado e ser católico, claro.

Os candidatos também devem estar prontos para servir pelo menos 26 meses na da guarda papal.

Atualmente o corpo da Guarda Suíça é composto pot 135 homens, mas, infelizmente, o número de candidatos têm diminuído. Entre as razões, Ruth Metzler-Arnold, atual presidente da fundação da Guarda Suíça Papal, aponta o salário de 1.500 Euros, que para Itália é um bom salário, mas para os padrões suíços, não. A estável situação financeira na Suíça, também é outro fator, além do fato de os novos recrutas serem provenientes de um período de baixas taxas de natalidade no país.

Quais as atribuições da Guarda Suíça?

Os soldados são conhecidos principalmente por seu papel cerimonial durante as recepções e visitas oficiais e acompanham o Papa em suas viagens internacionais.

No entanto, no século passado, os guardas também assumiram, cada vez mais, tarefas de segurança concretas de acordo com a força policial do Vaticano e os serviços de segurança italianos. Como resultado, agora, ocasionalemente eles portam pistolas e spray de pimenta.

Curiosamente, em um discurso proferido pelo Papa Francisco para os novos recrutas (2019), foi dito que estes possuíam uma tarefa mais delicada: a de aconselhar os incontáveis interlocutores e peticionários que chegam ao Vaticano com pedidos. Eles devem cumprir esse dever com “palavras de confiança e um gesto de fraternidade”, disse ele. 

Em tempos recentes a guarda atua juntamente com as autoridades italianas para evitar ataques terroristas, sobretudo depois de ameaças do Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

Uniforme 

Com o passar dos séculos, houve algumas pequenas mudanças, mas no geral, a vestimenta original foi mantida. É principalmente graças ao comandante Jules Repond (1910-1921), dotado de excepcional bom gosto por cores e formas, que os guardas suíços usam hoje este uniforme tão interessante. As cores que tornam o uniforme tão incomum são os tradicionais azuis Medici, vermelho (introduzida pelo Papa Leão X, em homenagem ao escudo dos Médici, e simboliza também o sangue derramado em defesa do Papa) e amarelo, destacados pelo branco da gola e pelas luvas. O uniforme diário da Guarda é menos pomposo e completamente azul. Especulam que o uniforme foi desenhado por Michelangelo. No entanto, Raffaello certamente influenciou seu desenvolvimento, pois ele de fato influenciou a moda em geral na Itália no Renascimento, através de sua pintura.

Em abril de 2006, aconteceu um evento muito interessante em comemoraçào ao 500º aniversário da Guarda Suíça. 80 ex-guardas marcharam de Bellinzona, no sul da Suíça para, Roma, refazendo o mesmo trajeto da marcha dos 200 guardas suíços originais que assumiram o serviço papal em 1505.

Que esta bela tradição se mantenha durante muitos anos, preservando os “Defensores da liberdade da Igreja”, título concedido pelo Papa Júlio II.